Não troco nosso trato em qualquer troco;
Não trato com tristeza este trabalho.
Extraio a vida de qualquer trancalho
E espalho trovas como um bom matroco.
Das tripas, nas entranhas, transformadas
Coração; trago o extrume ao mostruário
De minhas tramóias, e antes que o cérebro dispare-o,
Distrato o trato das minhas mágoas encrustradas.
E ao trazer à tona tantos
sentimentos,
Entrego-me à solidão e ao
ódio atro,
E entro em transe, e
através do meu teatro
Um tribal monstro vem trucidar meus tormentos.
Destranco a trava que à
porta traz-me às ruas
E através das travessas e
das entradas
Em teu tributo entrego-me às transas e trepadas
Das triviais donas,
travessas e seminuas
E, então, trôpego, em meu trilhar intrépido,
Trago de volta tristezas e transtornos.
E entre um e outro trago, eu me distraio
E traço um traço triscando entre o tráfego.
Transito trôpego, e tropeço a três-por-quatro,
Nos trapos da minha Saint-Tropez destroçada.
E, rumo à porta, atravesso a calçada
E entro em casa, e ponho fim ao meu teatro.
E minhas mãos, de forma trêmula e atroz,
Sempre me traem e trazem teu
retrato.
E ao trair teus sonhos, eu, num final ato,
Retorno ao trato, torno a ti, retorno a nós.
Tiago Bianchini
22.08.14