Não
quero mais te ver porque não te mereço;
Antes
fosses tu uma vadia.
Quiçá,
assim, não lhe guardaria o menor apreço
E
talvez, nem mesmo conhecer-te-ia;
Não
era necessário nossas vidas cruzarem-se assim
-
Me és um mal, uma sífilis, uma enfermidade
Justamente
porque és boa; e há algo em mim
Que
– isto eu sei – te amará por toda a eternidade.
Não
quero mais te ver porque já te vi demais,
Eis
o meu mais ignominioso pecado:
E
esta purificação não me virá jamais.
Havia
tantas que eu poderia ter amado!...
E
tantas bocas que poderiam ser minhas
E
eu poderia ter sido de muitas, e sido feliz –
Mas,
não: ao invés de me entregar às paixões tolas e mesquinhas,
Deus
me entregou às sombras, me entregou a ti, assim o quis.
Vai
embora. Desaparece daqui, Some.
Não
volte mais; me deixe como quem se desfaz,
Na
porta alheia, de um cão mendigo e sem nome.
Tal
é como deve ser; e até me apraz
Que
o faças com sangue-frio e crueldade
Pois
o ódio sufocará o amor – eis minha salvação:
Melhor
um ódio que se nutre da verdade
Do que um amor que se
mortifica na ilusão.
Tiago Bianchini - 2005
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