sexta-feira, 20 de junho de 2025

Prosa e Rima

Hoje há o silêncio das nossas risadas

O cromatismo sem tons das nossas imagens.

Hoje há o olhar constante para o celular,

Em busca de uma mensagem, de um sinal.


Um vício cortado.

Uma droga subtraída.

O peito apertado.

A vida, dorida.


Hoje não houve bons dias, houve ausências

Houve lembranças de brincadeiras de adultos

Mexendo com fogo e se queimando, sorrindo,

Lembranças de provocações não respondidas.


Vazio no ar.

A voz, calada.

A chama, sem brasa.

A alma, parada.


Compasso de espera, angústia do que virá

– Ou não virá jamais

Chamo? Ligo? Tento?

Ou apenas continuo me despedaçando, dia após dia?


Um nó na garganta.

Um adeus sem falar.

A ausência, gigante.

O sonho, a murchar.


Hoje houve o silêncio das últimas palavras

Que não mais dissemos;

Dando ponto final às últimas frases gravadas

No celular, que hoje é túmulo e esperança.


As frases, soltas.

As reticências,

Se acumulando

Na ausência.


Saudades da alegria da tua voz,

Vontades que não serão mais saciadas

Alegria de um tempo que foi,

Tristeza de outros tempos, que não virão.


Eternos amantes

Buscando o ideal,

Presos no instante

Da vida real


Milhões de segundos a esperar, esperar o nada.

Somos versos em rima e prosa, que se entrelaçam,

Mas, talvez, não tornarão a se encontrar.

Somos duas estruturas de poemas diferentes

Tentando separar a vida da obra.


Prosa e rima

Que não se encontrarão;

Tal é nossa sina:

Solidão.


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