Hoje há o silêncio das nossas risadas
O cromatismo sem tons das nossas imagens.
Hoje há o olhar constante para o celular,
Em busca de uma mensagem, de um sinal.
Um vício cortado.
Uma droga subtraída.
O peito apertado.
A vida, dorida.
Hoje não houve bons dias, houve ausências
Houve lembranças de brincadeiras de adultos
Mexendo com fogo e se queimando, sorrindo,
Lembranças de provocações não respondidas.
Vazio no ar.
A voz, calada.
A chama, sem brasa.
A alma, parada.
Compasso de espera, angústia do que virá
– Ou não virá jamais
Chamo? Ligo? Tento?
Ou apenas continuo me despedaçando, dia após dia?
Um nó na garganta.
Um adeus sem falar.
A ausência, gigante.
O sonho, a murchar.
Hoje houve o silêncio das últimas palavras
Que não mais dissemos;
Dando ponto final às últimas frases gravadas
No celular, que hoje é túmulo e esperança.
As frases, soltas.
As reticências,
Se acumulando
Na ausência.
Saudades da alegria da tua voz,
Vontades que não serão mais saciadas
Alegria de um tempo que foi,
Tristeza de outros tempos, que não virão.
Eternos amantes
Buscando o ideal,
Presos no instante
Da vida real
Milhões de segundos a esperar, esperar o nada.
Somos versos em rima e prosa, que se entrelaçam,
Mas, talvez, não tornarão a se encontrar.
Somos duas estruturas de poemas diferentes
Tentando separar a vida da obra.
Prosa e rima
Que não se encontrarão;
Tal é nossa sina:
Solidão.
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