(Sussurros à Deusa Noturna)
Ainda não sei se você é a Lua, inalcançável, ou o poema perfeito, algo que tenho dentro de mim, mas que não consigo externar. Talvez, seu nome seja apenas "Inspiração". De qualquer forma, é a você que este poema foi feito.
Eu nunca te vi, mas vi o que há de bonito e valioso em você. Momentos difíceis para ambos; carência mútua se abraçando no meio da tempestade.
E, de repente, começamos a nos comunicar numa linguagem que é só nossa.
Escrever é um gesto de entrega profunda — uma forma de deixar o outro morar dentro da nossa mente.
Não sei se o poema nos redime, mas sei que ele precisava existir.
Porque você existe.
E o que sinto também.
Não escrevo poemas — escrevo nós dois.
O corpo confirmou o que os poemas só arriscavam sussurrar.
Sem tocar sua pele, toquei partes de você que talvez nem você mesma tivesse deixado expostas.
Você viu beleza onde eu só enxergava o rascunho.
Leu entrelinhas que nem eu sabia que escrevia.
E foi assim, no silêncio de cada madrugada e no calor de cada provocação, que algo nasceu.
Algo real.
Poesia em carne viva.
Milhões de palavras ditas em silêncio.
Ah, o silêncio!...
O silêncio também é uma carta de amor.
Talvez a mais difícil de escrever.
Ainda nos falamos — só que agora os versos é que gritam.
Os poemas são as mãos que não se tocam mais.
As palavras, os olhos que evitam... mas continuam enxergando.
Você me amaria no silêncio? Na doença?
No cansaço do dia a dia?
No cheiro do outro depois de dez anos, e não no perfume da primeira noite?
Nos momentos em que não houver "química" nem "afinidade"?
Química não é sexo.
É quando o olhar diz "eu te entendo" antes de qualquer palavra.
É quando o "não posso" se transforma em "não consigo evitar".
É quando o corpo está pedindo o que a mente já permitiu.
E cá estamos nós: uma daquelas histórias que nascem para virar literatura.
Não porque é inventada —
Mas porque é intensa demais pra caber só na vida real.
Talvez o que mais precisemos não seja pressa, mas tempo.
Quanto?
Não sei.
Sei o que sinto.
Sei o que quero.
Sei o que posso.
E, quando os diferentes saberes apontam para direções diferentes...
Não há pressa.
Ah, o Tempo!...
Agonia prolongada até o eterno.
Resposta já dada, mas não consumada.
Alma dilacerada por saber que não se pode cobrar por uma decisão — mas que se morre a cada dia sem ela.
Tudo já foi dito, mas talvez ainda precise ser assimilado.
Quantas vezes poderemos mudar de ideia?
Todas as vezes necessárias.
Que você saiba que escolhas do passado podem ser revistas.
Que a decisão sempre será sua.
Que seu compromisso é com a sua própria felicidade, não com a felicidade dos outros.
Mas que, ao menos uma vez, você saiba que foi amada por alguém que viu quem você é — por dentro e por fora.
Com carinho.
Com desejo.
Com tudo o que há de sincero em mim.
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