terça-feira, 25 de novembro de 2014

A leveza

                
Brumas que se movem sobre a superfície,
Dançante união dos três mundos de Escher,
Flutuando no sal que há demais no Morto.
O sal.               
                         
             Passos que flutuam sobre a areia clara,
             Elefantes que se movem nas pontas dos dedos,
             Abanando as orelhas aos ventos do sul.
             O sul.  
                         
                          Sombras que se apóiam nas copas das árvores,
                          Árvores ao vento, a balançar, fugazes.
                          Folhas que planam e secam sob o sol.
                          O sol.
                         
             Cores que se mesclam a dançar nas nuvens.
             Olhos que repousam sobre a sombra fresca.
             Asas abertas a siar no cio.
             O cio.  
                         
Nuvens que naufragam no azul celeste,
Horizonte de eventos de onde não há mais volta.
Almas de dois amantes a galgar o céu.
O céu.       

* Lendo A Insustentável Leveza do Ser  e ouvindo Michael Petrucciani

Ti Bianchini - 2001 


Michael Petrucianni foi um dos maiores pianistas da sua geração, mesmo tendo uma deficiência congênita que impediu o seu crescimento e que era conhecida como "síndrome dos ossos de vidro": ele chegava a quebrar ossos da mão ao tocar piano. Isto não o impediu de se consagrar como um dos grandes ícones do jazz nas décadas de 80 e 90. Morreu em 1999. 

Um comentário:

  1. Feito após minha primeira leitura de Kundera. Lembrei de Kundera num dos textos anteriores, então lembrei que havia este poema, então lembrei do Petrucciani. Ô, saudade!...

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