quarta-feira, 16 de abril de 2014

Dezoito

            

Morro hoje aos dezoito anos,
Aos dezoito minutos do novo dia
Ao cair derradeiro da garoa fria
A molhar de vez meus futuros planos.

Levo, desta vida, os meus dezoito anos;
A minha fúria louca que irradia;
Amores profundos de ilusão vazia;
Sonhos insanos;

Deixo por aqui os meus dezoito anos
Como um testamento tolo; deixo a alegria;
As minhas composições; o que ninguém sabia;
Os meus enganos;

E quero, como honra aos meus dezoito anos,
Dezoito trombetas, a vibrar a melodia
Da mais augusta e sublime sinfonia,
Que como uma ária funeral embala meus poemas profanos;

Ser cremado, intensamente, por dezoito anos,
Ser cinzas, ser guardado num pote de magia,
Para de mim eliminar toda e qualquer alergia,
Para que a ninguém mais eu cause danos.

Hoje morro, ao cabo de dezoito anos,
Dezoito longos anos de nostalgia,
Ao recordar-me das trevas em que vivia
Por sob os panos;

Hoje deixo para trás longos dezoito anos
Tristes, inertes, ociosos a cada dia;
Deixo meus tristes versos nesta poesia;
Deixo meus gritos loucos e sopranos.

Renasço hoje, aos dezoito anos,
Um novo homem, em nova soberania
E farei deste Mundo a minha fantasia,

Ainda que seja apenas pelos próximos dezoito anos.



Tiago Bianchini - 1997

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