I
Olhando este oceano,
ondas deste mar insano,
eu me ponho a recordar;
no oceano do meu peito,
no qual nem eu sei direito
pra que lado navegar.
Me recordo do teu rosto,
nas marés do meu desgosto,
onde a ausência dói demais;
não sou mais que um
marinheiro,
querendo ser o primeiro
a ancorar no teu cais.
II
Apenas quero sonhar,
sem nem sequer me importar
com a tua correnteza;
e que venha a minha mágoa,
que eu pego teu curso d'água
pra transformar em represa.
Apenas quero viver,
e apesar de conhecer
toda a tua tempestade,
não me canso de tentar;
pois prefiro me molhar
a me afogar de saudade.
III
Apenas me deixe, um dia,
alcançar a calmaria
doce da tua costa bela;
e que um vento glorioso
me leve vitorioso,
dentro desta caravela;
e, ao sentir, emocionado,
o gosto do mar salgado
circulando em minha veia;
te juro: terei a sede
de prender em minha rede
o teu olhar de sereia.
Ti Bianchini - 1996
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