Escrevo
Ante a
madrugada, que nos consome e que nos encanta
Mas que finda
sempre à primeira aurora,
Que por sua vez
é efêmera e passa num instante.
E percebo na
Lua, minha velha companheira
E confidente em
tantos poemas tolos e vis,
A inocência de
alguém que a mim empresta o nome
E me presenteia
com o brilho.
Escrevo
Não para passar
o tempo, nem para matá-lo,
Pois o tempo é
valioso demais, e por demais poderoso;
Tanto que dele
me sinto escravo.
Amar às coisas
talvez não seja a saída
Para fugir da
mais tenebrosa Guerra;
Mas o que
acontece com este amor,
Quando das
cinzas surge um novo sentimento
Talvez até mais
poderoso, talvez um novo amor,
Ou uma nova
forma de amar?
Escrevo
Cai a penumbra,
nasce a planta longe do olhar do lobo;
Vede como a planta
desabrocha ante o olhar da Lua,
Apesar da
necessidade de roubar do Sol a luz e o calor;
Passos, vozes,
gestos acabados - que não voltarão a ser pronunciados
E não há sons
no ar, tão audíveis, que possam acordar
O sono irrequieto
das folhas secas às sombras de suas mães.
Escrevo
E sinto que a
pena não mais precisa de mim;
Ela dirige-se
com voracidade a riscar a folha
- Tolo engano -
Pois, se ela
tivesse o dom Divino de perambular,
Através das
mais realizantes histórias,
Quais histórias
ela seria capaz de contar?
Escrevo
Como se isso me
tornasse grande; como se não o fosse
Como se não
fosse mais do que um verme de um verme de outro,
Ou como se não
fosse menos do que o próprio Deus;
Rabisco o papel
sem destino ou sentido, e rezo para que
Deste imenso e
profundo poço de falta de idéias me surja a cura.
Escrevo
Viver é pelas
palavras, que se autopronunciam, mudas,
Que resistem ao
mais forte dos amores e ao mais sombrio dos pesadelos,
Mas que sucumbem à primeira lágrima, e ao primeiro vento;
Viver é sonhar,
é estar, é preciso,
E é preciso,
ainda que impreciso seja viver.
Escrevo
Ao primeiro
canto do sabiá se inicia uma vida;
E repare como
da vida falamos tanto e mal a entendemos;
E observe como
querer entender a vida,
Esta longa e
eterna namorada que a todo momento nos trai,
É querer por
demais ser tolo;
O que seria da noite sem a sinfonia dos
grilos e o canto da coruja?
O que seria de
nós sem a tristeza de viver?
O que seria de
nós sem a espera pela morte?
O que será de
nós, enfim?...
Escrevo
Mais que isto:
bebo a essência de cada palavra, a largos haustos,
E sofro pela
inércia de cada frase.
Corro pelas
pautas vazias, desocupadas, lacônicas,
A procurar
desesperadamente algum caminho nestas entrelinhas
Que já são
tantas, e tão sublimes, que corro o risco de me perder
E morrer dentro
delas.
É tão bom o homem poder ver o fundo dos seus olhos sem
precisar de espelho...
Tiago Bianchini - 1996
Escrevo
Ante a
madrugada, que nos consome e que nos encanta
Mas que finda
sempre à primeira aurora,
Que por sua vez
é efêmera e passa num instante.
E percebo na
Lua, minha velha companheira
E confidente em
tantos poemas tolos e vis,
A inocência de
alguém que a mim empresta o nome
E me presenteia
com o brilho.
Escrevo
Não para passar
o tempo, nem para matá-lo,
Pois o tempo é
valioso demais, e por demais poderoso;
Tanto que dele
me sinto escravo.
Amar às coisas
talvez não seja a saída
Para fugir da
mais tenebrosa Guerra;
Mas o que
acontece com este amor,
Quando das
cinzas surge um novo sentimento
Talvez até mais
poderoso, talvez um novo amor,
Ou uma nova
forma de amar?
Escrevo
Cai a penumbra,
nasce a planta longe do olhar do lobo;
Vede como a planta
desabrocha ante o olhar da Lua,
Apesar da
necessidade de roubar do Sol a luz e o calor;
Passos, vozes,
gestos acabados - que não voltarão a ser pronunciados
E não há sons
no ar, tão audíveis, que possam acordar
O sono irrequieto
das folhas secas às sombras de suas mães.
Escrevo
E sinto que a
pena não mais precisa de mim;
Ela dirige-se
com voracidade a riscar a folha
- Tolo engano -
Pois, se ela
tivesse o dom Divino de perambular,
Através das
mais realizantes histórias,
Quais histórias
ela seria capaz de contar?
Escrevo
Como se isso me
tornasse grande; como se não o fosse
Como se não
fosse mais do que um verme de um verme de outro,
Ou como se não
fosse menos do que o próprio Deus;
Rabisco o papel
sem destino ou sentido, e rezo para que
Deste imenso e
profundo poço de falta de idéias me surja a cura.
Escrevo
Viver é pelas
palavras, que se autopronunciam, mudas,
Que resistem ao
mais forte dos amores e ao mais sombrio dos pesadelos,
Mas que sucumbem à primeira lágrima, e ao primeiro vento;
Viver é sonhar,
é estar, é preciso,
E é preciso,
ainda que impreciso seja viver.
Escrevo
Ao primeiro
canto do sabiá se inicia uma vida;
E repare como
da vida falamos tanto e mal a entendemos;
E observe como
querer entender a vida,
Esta longa e
eterna namorada que a todo momento nos trai,
É querer por
demais ser tolo;
O que seria da noite sem a sinfonia dos
grilos e o canto da coruja?
O que seria de
nós sem a tristeza de viver?
O que seria de
nós sem a espera pela morte?
O que será de
nós, enfim?...
Escrevo
Mais que isto:
bebo a essência de cada palavra, a largos haustos,
E sofro pela
inércia de cada frase.
Corro pelas
pautas vazias, desocupadas, lacônicas,
A procurar
desesperadamente algum caminho nestas entrelinhas
Que já são
tantas, e tão sublimes, que corro o risco de me perder
E morrer dentro
delas.
É tão bom o homem poder ver o fundo dos seus olhos sem
precisar de espelho...
Tiago Bianchini - 1996
Nenhum comentário:
Postar um comentário