Flores, que desabrocham,
Como a vida alva a emergir,
E em botões que, ao surgir,
Com o tempo, desacocham;
Como vos aproveitares
De tão adoráveis criadas:
Ofertando às amadas,
Enfeitando vossos lares.
Dando à mestra, com ternura,
Despetalando-te inteira,
Colhendo-te da terra dura
Que só com ti nos presenteia;
Só em ti vemos doçura:
És sangue de nossa veia.
* * *
Flores, que do mal nascem
Quando a vida expirar
Sobre esta, vêm pousar,
Como se a morte saudassem.
Mórbido, o corpo velado
Pelo olhar lúgubre e tolo,
Tem, num tétrico consolo,
Vossa presença a seu lado.
E no murchar dos amores,
Esse incenso imortal
Que enfeitam nossas dores;
Essa lembrança fatal
Vem de ti, ó belas flores
De perfume funeral.
Tiago Bianchini - 1996
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