domingo, 24 de novembro de 2013

Contagem Regressiva

13
Toma um poema. Há coisas que não sei dizer...
Melhor fazer, do papel, um mero confidente
Para guardar o que no peito se guarda e sente
Eis um poema: isto é tudo o que sei fazer.

            12
Lê o poema: tenta entender o que te diz
As palavras soltas: sou eu a te dizer
O que não se diz: que só se tenta esconder
E se finge esquecer; e se é feliz.

            11
Leva este poema a te falar de amor,
Um amor vivo e forte, qual a raiz
Do mais alto ipê; e eu, que tanto quis
Negá-lo, sei que de mim já é senhor.

            10
Como ficar sem teu perfume, agora
Que já provei, meu Deus, do teu odor?
Como fazer morrer tamanha dor
Que fica e vive, e não vai embora?...

            9
Não... não é o poema. Sou só eu
Que finjo ser teu a toda hora;
E, de ser um fingidor por fora,
Por dentro devo já estar no céu.
           
            8
Qu’este poema possa dar-te
Um beijo meu, perdido ao léu;
E qu’este beijo faça réu
O teu coração, de tal arte

            7
Que a ti, seja um elixir:
E que me ames, destarte,
A dor, que ora me parte,
Não haverá de existir.

            6
Sente o meu beijo; sente:
Sou eu a te sorrir.
Mas, não... Quando eu a vir,
Sorrirei, simplesmente...

            5
E este meu sorriso,
É o hausto da gente
Que traz, de repente
Teu sonho impreciso.

            4
Quero te dar
Um paraíso
Quero e preciso
Tanto te amar!...

            3
O celeste
Deste olhar
É um mar
Que me deste.

            2

Adeus!...
Sou este.
Me veste
Os teus.

            1
Sem
Ti,
Meu
Deus!...

Tiago Bianchini - 2.003
P.S.: a. Os números da contagem se referem às sílabas poéticas da estrofe.
         b. As rimas são cruzadas entre as estrofes: as rimas externas de uma estrofe são cruzadas com as rimas internas da estrofe seguinte.

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