Um dia me verás com os olhos
d'água
transbordando de tristeza
minha mágoa
prá que jamais ela volte a me
assustar;
e neste dia calmo e delirante
terás em mim o seu melhor
amante,
o seu amado, o seu amigo; o
homem certo prá te amar.
Sim; me terás inteiro em tua
fina
e perfumada pele de menina
cuja saudade já não existe
mais;
ora, que se hoje de saudades
canto,
amanhã enxugarei teu pranto,
prá que não voltes a chorar
jamais.
Tola sina, vaga de certeza;
se não encontro hoje em tua
frieza
um só motivo que me faça
desistir
de afagar os teus cabelos
morenos,
e me ajoelhar ante os pés
pequenos;
o que me resta apenas é
prosseguir
a clamar pelo amor que eu sei
que existe,
e se hoje, ao dizer não, me
deixas triste,
não me entristece mais porque
te adoro;
e diante de tão fútil negação
perceberás que não adianta
dizer não
se mesmo sabes que dentro de
ti 'inda moro.
Talvez por isso seja eu tão
renitente
em alcançar de alguma forma o
beijo ardente
que dos teus lábios me parecem
seduzir;
para que mesmo depois de o Sol
se pôr
possa provar com carinho o teu
sabor,
prá que a doçura em mim possa
refletir
o teu olhar, que por mim irá
brilhar,
e mais e mais, quando em meus
olhos se inspirar,
para que a Lua, nesta
madrugada quente,
venha roubar desta tua luz
maravilhosa
com reverência, prá que
brilhe, majestosa,
iluminando o nosso céu
eternamente.
E se, por ora, idolatrando-te
destarte,
Lhe paire a dúvida de que
sempre irei amar-te,
não cegue os olhos com injúria
tão cruel:
apenas deixe transparecer na
retina
que és minha musa, minha
inspiração divina;
és minha aura; és minh'alma;
és meu céu.
Tiago Bianchini, 1997
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