A alma é a noite, como a noite
é bela,
E veste de negro o vão
firmamento;
A noite é a graça, a garça
singela,
Que voa e que vaga, e que
beija o vento.
A noite é a alma, e a alma, a
alma,
É o sonho dourado da vã
poesia;
E é poesia o pranto que
acalma,
Como é sentimento a garça que
pia.
A alma é a garça; a garça é o
sonho,
O sonho dourado da vida que
cala;
A alma é a vida, o amor que
proponho
Do fundo do berço onde a vida
me embala.
A alma é o sonho, o sonho é o
dia,
E o dia é a Lua, que a noite
consola;
E a Lua é aquela que, na noite fria,
Lhe rouba a magia, e lhe traz
a aurora.
A Lua é a Lua, a Lua, a Lua,
Que brilha a maré, e que faz
uivar
O lobo, na noite pela qual
flutua
E brilha, e queima, e paira no
ar.
É a alma, enfim, a vida
perdida
Nas páginas brancas que
escondem o trauma
De ter, entre o sonho, a Lua e
a vida,
A noite, a garça, o vento e a
alma.
Tiago Bianchini - 1997
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